Saturday, November 17, 2007

Família
Essas histórias aconteceram na mesma família e com diferentes familiares. Meu avô, cheio de ouvir um palhaço gritando a chegada de um circo no Cabo de Santo Agostinho, ofereceu uma lapadinha para molhar a goela do circense. Preparou um coquetel de aguardente, cerveja, vodca, rum e querosene. O palhaço bebeu em um gole só, deu dois passos, cambaleou e caiu. O meu tio, quando criança, jogou lança-perfume nas genitálias de um burro que carregava a carroça de lixo. O resultado você já imagina. Meu primo conseguiu grudar um candeeiro no próprio sovaco. Um outro primo é capaz de performar a dança do cavalinho em qualquer lugar. Meu tio costumava levar os sobrinhos para tomar banho de mar em Itapuama. O lance é que os sobrinhos não passavam dos 12 anos de idade e o mar era o mais traiçoeiro possível. E para completar, ele adorava entoar uma brincadeira do araruta-araruta, quem não descer a onda é filho da mãe. A irmã do meu avô criou um urubu em uma gaiola, sem saber que era um urubu. Meu pai conseguiu queimar a sobrancelha e os cílios em pleno São João. Meu tio, aspirante a jogador de futebol, saiu do treino do Santa Cruz dando dedada para toda a comissão técnica que estava avaliando a sua performance. Meu outro tio, após uma noite alcoólica, já confundiu a privada com o exaustor do quarto de hóspedes. Meu irmão morria de medo de um cachorro banguelo. Minha avó trouxe vários presentes religiosos de sua viagem à Europa. Já meu avô trouxe canetas de mulheres nuas, cabeças de pênis que saltitavam e camisinhas. Minha tia foi Miss Cabo de Santo Agostinho. O marido de minha tia jura, de pés juntos, que ganhou uma geladeira em um campeonato de iô-iô. O namorado de minha tia pisou em fezes enquanto passeava pela feira de Caruaru. Desse dia em diante, ficou conhecido pelos guris da família como fulaninho pé-de-bosta. E eu? Eu já me apaixonei pela dançarina, de maiô com lantejolas, do circo Lagoa Azul. Quer mais?