There are no more good mornings
Fábio deve ter no máximo um metro e sessenta. Isso com boa vontade. Moreno escuro, cabelo com um topete amarelado por luzes caseiras, um cavanhaque desenhado e corpo que parece Batoré. Tricolor doente. Trabalha para uma patroa durona, carregando as sacolas de feira dos clientes do Mercadinho Novo Prado. É comum encontrá-lo empurrando um carrinho-de-mão pelas ruas ali do Triângulo das Bermudas Recifense (Prado, Bongi e Mustardinha), assobiando, sorrindo e acenando a todos os carros que tiram fino dele. Pode ser o sol do meio-dia ou o cansaço do final de tarde, ali está ele, na maior da boa vontade. É o exemplo de como encarar a vida. Basta aparecer lá no Mercadinho e falar com ele. Antes disso, é preciso desenrolar um daqueles apertos de mão que só o mala local consegue reproduzir. Lembrando que eu já fui um aborígine.
Oito e dez da manhã de uma sexta-feira, manhã nublada, dia pequeno para tantos afazeres. Sem contar a velha e boa ressaca do dia anterior. Elevador que sobe e apanha uma figura de terno e gravata, que ao adentrar não responde ao meu caloroso bom dia. Celular em punho começa a verborragia desenfreada, olho para a figura e uma veia da testa está saliente. Elevador pára na garagem e lá vai ele berrando ao celular. Oito e onze da manhã. Como uma pessoa pode começar bem o dia desta maneira?
Diante disso, fico pensativo ao refletir sobre minha vida. Trabalho em dois lugares, sendo um deles a minha verdadeira profissão. Tento desesperadamente fazer um upgrade no outro emprego, passando para o ensino dentro da minha área de formação. Corro de um lado para o outro, não tenho tempo para fazer o que eu gosto, para me exercitar e frequentemente me falta tempo para os amigos. Será que todo esse esforço é válido? Será que dinheiro realmente não traz felicidades? Será que nunca serei um Fábio da vida? Não sei mesmo. Apenas sei de uma coisa: da próxima vez não falo mais bom dia nem fodendo.
Oito e dez da manhã de uma sexta-feira, manhã nublada, dia pequeno para tantos afazeres. Sem contar a velha e boa ressaca do dia anterior. Elevador que sobe e apanha uma figura de terno e gravata, que ao adentrar não responde ao meu caloroso bom dia. Celular em punho começa a verborragia desenfreada, olho para a figura e uma veia da testa está saliente. Elevador pára na garagem e lá vai ele berrando ao celular. Oito e onze da manhã. Como uma pessoa pode começar bem o dia desta maneira?
Diante disso, fico pensativo ao refletir sobre minha vida. Trabalho em dois lugares, sendo um deles a minha verdadeira profissão. Tento desesperadamente fazer um upgrade no outro emprego, passando para o ensino dentro da minha área de formação. Corro de um lado para o outro, não tenho tempo para fazer o que eu gosto, para me exercitar e frequentemente me falta tempo para os amigos. Será que todo esse esforço é válido? Será que dinheiro realmente não traz felicidades? Será que nunca serei um Fábio da vida? Não sei mesmo. Apenas sei de uma coisa: da próxima vez não falo mais bom dia nem fodendo.
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